segunda-feira, 10 de abril de 2023

Saiba mais sobre o livro de contos 'Alameda', de Astrid Cabral

 

Foto: Assessoria de Imprensa Divulga Escritor


Alameda (1963), de Astrid Cabral, é um livro composto por vinte contos, nos quais os protagonistas causam certo estranhamento no leitor (um grão de feijão; a terra de uma praça; uma cerca de madeira etc.). Os narradores dos contos, quando em primeira pessoa, pertencem ao mundo vegetal. Suas sensações, anseios e vivências nos são relatados a partir de suas próprias vozes. E, quando em terceira pessoa, eles, muitas vezes, posicionam-se no mesmo nível dos personagens, recorrendo, em alguns casos, ao estilo indireto livre. Apresentação é de Leyla Leong e Fausto Cunha. O estudo crítico é de autoria de Antônio Paulo Graça.

Neste tipo de construção, realiza-se um processo de acercamento entre o humano e o vegetal, apresentando narradores com pontos de vista que podem ser considerados como híbridos, pois transitam entre os dois mundos. 

Aqui e ali Astrid se realiza no poético, matizando com uma ironia sutil em que a transposição de planos constitui um desafio criador. É uma estreia numa vereda nova e difícil, que exige um grande domínio de cambiantes. A autora possui esse domínio. Seu livro lembra um pouco, na essência, aquela observação de Truman Capote, de que, para amar as pessoas, é preciso começar amando as folhas das árvores. E as laranjas.

Como escreveu a professora Edilaine Rodrigues em sua resenha sobre o livro 'Alameda', no site Ultraverso, Astrid Cabral aborda de maneira diferente as questões existenciais, visto que a morte não é um problema para as plantas, por exemplo, para elas o infortúnio é a infecundidade, que impossibilita a sua perpetuação no mundo, matando definitivamente as suas raízes.



A substituição das folhas e dos frutos é vista como a renovação trazida pelo outono, já a finidade precoce é encarada como acidente, normalmente ocasionado por quem não reconhece sua vitalidade ou ignora sua importância como ser vivo.

Diante dessa perspectiva, é algo interessante a descrição minuciosa feita para traduzir os sentimentos das árvores, das plantas, das flores, dos frutos e até mesmo dos lugares pavimentados e pisoteados sem piedade dia após dia. As características emocionais elevam a imaginação do leitor e humanizam o protagonista de cada conto, trazendo-o de certa forma para a realidade.

Além de todos os atributos filosóficos, a obra atenta para as responsabilidades ambientais que culminam na qualidade de vida e modelam o conceito de existência. Vale muito a leitura.


Biografia


Astrid Cabral Félix de Sousa é uma poetisa, contista, professora e funcionária pública brasileira. Viúva do poeta Afonso Felix de Sousa.

Nasceu a 25/09/36 em Manaus, AM, onde fez os primeiros estudos e integrou o movimento renovador Clube da Madrugada. Adolescente ainda transferiu-se para o Rio de Janeiro, diplomando-se em Letras Neolatinas na atual UFRJ, e mais tarde como professora de inglês pelo IBEU. 

Lecionou língua e literatura no ensino médio e na Universidade de Brasília, onde integrou a primeira turma de docentes saindo em 1965 em conseqüência do golpe militar. Em 1968 ingressou por concurso no Itamaraty, tendo servido como Oficial de Chancelaria em Brasília, Beirute, Rio e Chicago. 

Com a anistia, em 1988 foi reintegrada à UnB. Ao longo de sua vida profissional desempenhou os mais variados trabalhos, fora e dentro da área cultural. Detentora de importantes prêmios, participa de numerosas antologias no Brasil e no exterior. Colabora com assiduidade em jornais e revistas especializadas. Viúva do poeta Afonso Félix de Sousa, é mãe de cinco filhos.

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