quarta-feira, 3 de maio de 2023

Saindo do forno: 'Caminhos e descaminhos da Amazônia - em busca do desenvolvimento', de Violeta Loureiro

 


Acabou de chegar na sede da editora, o livro ‘Caminhos e Descaminhos da Amazônia’, da pesquisadora Violeta Loureiro (@violetarefkalefsky).
Neiza Teixeira, professora, doutora em Filosofia e coordenadora editorial da Valer afirma que o livro Caminhos e descaminhos da Amazônia em busca do desenvolvimento: acertos, erros e possibilidades, é um marco na trejetória acadêmica da socióloga e professora Violeta Loureiro, tendo em vista que reúne artigos, publicados ao longo de parte da sua carreira, e que dão as diretrizes do seu pensamento no que se refere à Amazônia. Assim como ele expõe esse percurso, agudiza a sua compreensão do mundo e como ser humano.

Ainda conforme a coordenadora, os artigos demonstram a coerência do seu pensamento, como também enfatizam o seu papel como autora, a quem empresta a sua voz e o meio (a escrita) que utiliza para elevar a sua palavra e ser compreendida por um público amplo.

Por esses motivos, a leitura deste livro é obrigatória para aqueles que se interessam por compreender, refletir e pensar soluções para a Amazônia.

A escritora também publicou, pela Valer, o livro ‘Amazônia Colônia do Brasil’. (Clique aqui para saber mais)
Para dá aquele gostinho ao nosso leitor, segue um dos artigos que compõem a nova obra da autora:

A ameaça aos chamados “rios voadores” que a Amazônia oferece como uma dádiva ao Sudeste e Centro-Oeste do Brasil

Na época do “verão” amazônico (junho a dezembro), as águas do mar, dos rios e lagos e da floresta (que os cientistas chamam de oceano verde) emanam densas camadas de vapor e umidade, transferindo água para a atmosfera. Essas camadas de ar, carregadas de umidade, se deslocam em grandes volumes para diversas áreas do continente, algumas muito distantes, como o Sudeste e o Centro-Oeste, provocando chuvas intensas. Esta descoberta científica gerou, não apenas um novo conhecimento mas, também, um novo conceito – são os chamados rios voadores. O termo rios voadores foi popularizado pelo Prof. José Marengo/Inpe. [...] em direção ao oeste, os rios voadores (massas de ar) carregadas de umidade – boa parte dela proveniente da evapotranspiração da floresta – encontram a barreira natural, formada pela Cordilheira dos Andes. Eles se precipitam parcialmente nas encostas leste da cadeia de montanhas, formando as cabeceiras dos rios amazônicos. Porém, barrados pelo paredão de 4.000 metros de altura (dos Andes), os rios voadores, ainda transportando vapor de água, fazem a curva e partem em direção ao sul, rumo às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil e os países vizinhos.[1]

À medida em que a área florestada da região amazônica diminui, se reduz, também, a umidade que os ventos da região costumam espalhar para outras regiões brasileiras, comprometendo o volume de umidade/água dos “rios voadores”. Em consequência, as nascentes dos maiores rios brasileiros, que nascem no Centro-Oeste (Tocantins, Araguaia, São Francisco etc.) sofrem o impacto da redução dessas chuvas e perdem volume. Isto significa que o desmatamento da Amazônia compromete a perenidade dos rios e a estabilidade climática de todo o país e não apenas da região, como muitos pensam.

Reduzindo-se a área da floresta amazônica, os rios e os reservatórios de águas que abastecem as cidades do Centro-Oeste, Sudeste e Sul serão altamente prejudicados e mesmo com áreas desertificadas. Estudos já realizados pelo Inpe demonstraram a importância vital da floresta amazônica em pé, não apenas para a própria região, mas para todo o Brasil. Esses estudos mostraram que uma árvore com uma copa de 10 metros de diâmetro é capaz de bombear, jogando na atmosfera em torno de 300 litros de água; se tiver 20 metros de diâmetro, joga na atmosfera até 1.000 litros de água diariamente. Imagens de satélite do Inpe estimam a existência em torno de 500 a 600 bilhões de árvores na floresta amazônica. Caso as autoridades levassem em conta ao menos esses estudos, certamente a política ambiental para boa parte do Brasil seria mais cuidadosa e mais preventiva quanto ao futuro próximo.

Portanto, o problema ambiental da Amazônia não é apenas uma questão regional, mas sim de segurança nacional (que não se confunde com o tratamento estreito e raso de segurança nacional de que costumam falar os militares – que em geral, referem-se a questões ideológicas – em especial, busca de supostos perigosos comunistas, ideia que os orientam a defender o país contra seu próprio povo (sic!) – mas sim, à segurança alimentar, biológica e de desenvolvimento do povo brasileiro). A descoberta recente desta articulação entre as chuvas da Amazônia e as chuvas de outras regiões brasileiras mostra que não basta alcançar o desmatamento zero. Precisamos parar imediatamente de desmatar e fazer muito mais que isto – reflorestar áreas desmatadas com espécies regionais de porte médio e elevado e de copas largas, se queremos preservar a segurança hídrica das populações de outras regiões, a qualidade de vida e saúde da população e a garantia de água e eletricidade do país.

 



[1]      PETROBRAS/EXPEDIÇÃO RIOS VOADORES. Fenômeno dos rios voadores. Disponível em: https://riosvoadores.com.br/o-projeto/fenomeno-dos-rios-voadores/




✨Editora Valer, publicando a Amazônia!


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