O Editora Valer acaba de publicar Boi-bumbá de Parintins: trabalho e trabalhador nos bastidores do festival, de Deílson Trindade, resultado da sua tese para a obtenção do título de Doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPSCA/Ufam).
Trindade é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam-Parintins). Durante a pesquisa ele contou com a orientação do Profa. Dr. da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Iraídes Caldas. .
O lançamento presencial ainda não tem data definida, mas o livro está à disposição dos leitores no portal da Valer e nas livrarias virtuais.
A obra é apresentada pelo autor com a abordagem das seguintes variáveis fundamentais:
- Discussão dos sentidos e os significados do trabalho na vida de trabalhadores dos galpões de alegorias dos bois-bumbás de Parintins. Extrai-se a partir daí, relação do jogo que mistura prazer, empenho, felicidade, dor, sofrimento e angústia.
- Mostra os riscos e a precariedade contida nos bastidores do festival. Isso leva o leitor a enxergar para além das apresentações na arena ao perceber o cotidiano escondido entre módulos alegóricos e fantasias, antes escondidos nos emaranhados de ferros, colas, tintas e tecidos.
- Jogar luz sobre a vivência dos bastidores do espetáculo, com histórias contadas pelos protagonistas anônimos do processo de construção da festa. Há, nessa perspectiva, a possibilidade de releitura da noção de trabalho na Amazônia.
O festival Folclórico de Parintins é realizado, desde 1965, no mês de junho e, a partir da década de 1990, atrai milhares de turistas para as apresentações dos bois-bumbás Caprichoso (azul e branco) e Garantido (vermelho e branco).
Os dois bois de pano são referência hoje de espetáculo midiático no Brasil e em outros países, a exemplo do que representa o Carnaval do Sudeste e do Nordeste. As agremiações movimentam uma estrutura grandiosa, como os galpões e ateliês, os espaços de fabricação de alegorias e fantasias.
É nesse chão de fábrica que Deílson conhece o cotidiano dos trabalhadores da arte que está invisibilizado no espetáculo midiático. O pesquisador desata o véu que encobre relações trabalhistas que abrem novos caminhos para a compreensão do trabalho na Amazônia.
Para a coordenadora editorial da Valer, filósofa Neiza Teixeira, Trindade fez um trabalho impar no campo dos estudos que buscam compreender as facetas do espetáculo parintinense. Ela comenta:
“Hoje contamos com inúmeras pesquisas sobre o Festival Folcórico de Parintins, porém, é a primeira publicação que revela como funcionam os seus bastidores, inclusive com depoimentos dos artistas e qual a compreensão que eles têm deles mesmos, da arte e da sua inclusão em um sistema econômico que é desleal e que os submete até mesmo a riscos de morte. É muito interessante as revelações sobre os sentimentos que eles têm aos bois para os quais trabalham. É como se cumprissem uma missão sagrada. Pergunto-me: não é essa uma das características da arte?”.
Para ler a matéria completa, acesse aqui.
Com informações do AmazonAmazônia
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