A obra do escritor Bernardo Mesquita mergulha fundo na história dos trabalhadores músicos amazonenses. Propõe-se investigar as transformações históricas produzidas por estes músicos no processo de sua integração dependente e mono-polística ao capital global.
A música amazonense se desenvolveu por meio das transformações nas formas de produção e reprodução da vida material, processos de imigração vertiginosos e por meio de novas relações de produção, distribuição, troca e consumo de música.
A experiência de vida dos músicos amazonenses é de grande importância na construção desse conhecimento histórico, pois revela a transformação da região, que foi de uma situação de ruralidade pré-industrial a uma formação urbano-industrial dependente, moderna e globalizada.
Para Bernardo Mesquita, o livro cumpre a missão de contribuir para autoconsciência social e política da Amazônia. Comfira no vídeo:
Os músicos dessa geração viveram essa transição, pois nasceram em cidades do interior do Amazonas e construíram suas vidas na capital, Manaus, sem abandonar os vínculos com suas cidades natais. Os saberes, costumes e práticas culturais das populações rurais em fluxo migratório a Manaus passaram por mudanças próprias do processo de desenvolvimento integrativo da região ao capitalismo monopo-lista. E no sentido da valorização desta construção que sustentamos esta investigação.
A imigração é um determinante importante nesta investigação, pois revela um intercâmbio musical significativo entre a geração de músicos que tocavam na cidade e nos interiores. A condição de migrante desses músicos permite pensar sua música como um processo em movimento dialético dentro da expansão capitalista da região, e não apenas como uma tradição cultural fechada.
Tal circulação musical ocorre no mercado musical entre as apresentações realizadas na capital Manaus a partir dos anos 50, dentro dos clubes, hotéis, boates, lupanares e as cidades dos interiores no contexto das festas de santos e outras ocasiões festivas.
"Este livro descoloniza o Brasil sonoro por dentro, informando o que há para além do Sul Rio-São Paulo. Lembra a metodologia utilizada por Andre Gunder Frank, se este gênio das ciências sociais tivesse porventura sensibilidade à música: o desenvolvimento desigual dos músicos trabalhadores. O marxismo não se aparta da ciência do folclore. Ao focalizar o nativismo musical na Amazônia, o autor parte do regional para o nacional e para o universal. Este belo livro talássico e ousado lembra-me o Paraíso Perdido de Euclides da Cunha.", Gilberto Felisberto Vasconcellos, sóxiólofo e professor titular da Universidade Federal de Juiz de Fora.
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Confira a resenha do livro em vídeo:
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